segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Amália In Teatro


Amália Rodrigues ao Vivo no Teatro Sistina, Roma, 1978







Cotação: * * * * *

Acompanhantes:

Guitarras – Fontes Rocha e Carlos Gonçalves
Viola – Francisco Perez
Viola Baixo – Joel Pina

1. Variações
2. Mi Carro
3. Malhão
4. Cheira a Lisboa
5. Povo Que Lavas no Rio
6. Porompompero
7. O Cochicho
8. Ai Mouraria
9. Si Si Si
10. Dolores
11. Pitina
12. Malhão de Águeda

A década de 70 (até 1982) foi generosa para Amália Rodrigues em termos vocais. Foi o apogeu da sua arte. Em 1978, durante uma digressão por Itália, foi gravada a sua actuação no famoso Teatro Sistina em Roma. O público italiano tinha uma especial admiração e carinho por Amália, facto amplamente demonstrado nesta gravação.

Em 1979, a editora Pathé Marconi (França) editou o registo parcial desta actuação no formato LP. Este LP nunca foi editado em Portugal.

Amália está em plena forma, apesar de não estar satisfeita com o som ao longo do concerto. Ouvem-se várias vezes queixas da cantora relativamente ao som. Mas nada disto impede que Amália dê um concerto absolutamente fabuloso. Destaques para uma versão a plenos pulmões de "Povo Que Lavas no Rio", uma versão fabulosa de "Porompompero" onde Amália obriga os seus acompanhantes a um ritmo alucinante no final, o final explosivo de "Cheira Bem Cheira a Lisboa", uma raridade, o "Cochicho" e uma versão plena de virtuosismo e improviso de "Malhão de Águeda". Destaque também para as várias canções italianas e espanholas, parece que Amália as cantou desde sempre.

É comovente ouvir quando Amália anuncia que vai cantar a última música, a reacção do público que grita a plenos pulmões: “No! No! No!”

Mais um registo de Amália a pedir uma urgente edição em CD, desta vez com a versão completa deste grande concerto...

quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Amália no Coliseu

Amália Rodrigues ao Vivo no Coliseu dos Recreios, 3 de Abril de 1987



Cotação: * * * * 1/2


Acompanhantes:
Guitarras – Carlos Gonçalves e Pinto Varela
Viola – António Moliças
Viola Baixo – Joel Pina

1. Variações em Mi Menor
2. Fadinho Serrano
3. A Manhã é uma Andorinha
4. Lavava no Rio Lavava
5. Grito
6. Prece
7. Rua do Capelão (Novo Fado da Severa)
8. Ai Maria
9. Gaivota
10. Chora Mariquinhas Chora
11. Arraial de Sto. António
12. Lá Vai Lisboa
13. Don Solidon
14. Timpanas
15. Obsessão
16. Maria Lisboa
17. Povo Que Lavas no Rio
18. Rosinha da Serra D’Arga
19. Quando Eu Era Pequenina
20. Barco Negro
21. Lágrima
22. Há Festa na Mouraria
23. Falaste Corazón
24. Fado Malhoa/Ai Mouraria/Que Deus Me Perdoe/O Fado de Cada Um
25. Foi Deus
26. Malhão
27. Amália
28. Porompompero



A 3 e 4 de Abril de 1987, Amália realizou 2 concertos que foram rodeados de grande expectativa e que esgotaram logo que os bilhetes foram colocados à venda. Curiosamente e inexplicavelmente, Amália só começou a dar espectáculos regularmente em Portugal a partir da década de 80.

O primeiro espectáculo do Coliseu foi realizado a 3 de Abril de 1987 e foi gravado pela Editora Valentim de Carvalho. Esta gravação, foi comercializada numa caixa com 3 LP’s que apresenta o concerto integral realizado nessa noite. Quando foi lançada no ano seguinte, esta caixa esteve várias semanas nas tabelas dos discos mais vendidos.

A 2ª metade da década de 80, foi uma altura em que a voz de Amália Rodrigues já evidenciava um desgaste natural. Mas o que perdeu em brilho e frescura, compensou com drama, emoção, virtuosismo e uma capacidade de improvisação só alcançada pelas grandes cantoras de jazz. Este concerto foi uma excepção a este declínio, que provavelmente só pode ser explicado pela evidente felicidade e alegria de Amália demonstrada ao longo dessa noite. Aliás, deve ter sido um momento único para quem testemunhou este concerto. Percebe-se facilmente que o público está em êxtase absoluto com a oportunidade de ouvir esta extraordinária cantora. Ao longo das várias músicas, seguem-se minutos de aplausos que parecem não ter fim, muitas vezes irrompem as palmas e os vivas no meio das músicas quando a voz de Amália atinge notas que os presentes já pensavam perdidas. Efectivamente é um facto que neste concerto a voz de Amália, atinge alturas e uma carga emotiva que já não era visível por exemplo no concerto no Japão registado no ano anterior (1986).

Após uma introdução instrumental, a entrada em palco de Amália começa com o popular Fadinho Serrano que dá o mote para uma noite que promete. Segue-se uma 1ª parte constituída por fados mais dramáticos e um tom mais introspectivo, com uma Amália ainda um pouco nervosa, como ela mesmo confessa.

Uma curiosidade, nas músicas Arraial de Sto. António (cantado pela 1ª vez ao vivo por Amália) e Lá Vai Lisboa, Amália é acompanhada por uma banda filarmónica.

A partir de Lá Vai Lisboa, começa uma parte mais alegre e com maior participação do público que chega a cantar em coro várias músicas para grande alegria de Amália.

Um dos destaques deste concerto são os acompanhantes. Músicos de altíssimo nível que efectivamente brilham sem ofuscar a estrela. Além de uma competência exemplar, demonstram uma técnica irrepreensível e uma facilidade de adaptarem-se aos sucessivos improvisos e variações que Amália vai introduzindo nas várias músicas.

É difícil destacar momentos deste concerto, porque todo ele é absolutamente memorável.

É difícil não nos emocionarmos ou não ficarmos arrepiados com a versão de Povo Que Lavas no Rio, com as nuances e os improvisos que a tornam uma das melhores versões deste fado, que é seguido de 5 minutos de aplausos de um público absolutamente rendido, apenas interrompidos por um discurso emocionado de Amália.

O concerto termina em apoteose com uma versão explosiva de Porompompero. Seguem-se aplausos ininterruptos, que só terminam quando Amália volta uma vez mais e faz um emocionado discurso de agradecimento e despedida.

Uma curiosidade, este concerto foi filmado pela RTP, talvez uma boa oportunidade para um lançamento em DVD. Entretanto, é absolutamente lamentável que este concerto ainda não tenha sido editado em cd…

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Discografia e Obra de Amália Rodrigues

Na sequência de uma reportagem publicada na Revista Visão na 1ª semana deste ano sob o Título “O que quer ver e ouvir nos dez anos da morte de Amália”, venho colocar algumas questões que gostaria que alguém neste país me explicasse!!

A mencionada reportagem afirma, entre outras incorrecções (…) a reedição integral da obra discográfica de Amália Rodrigues, que vem sendo feita desde 2001 (…). Esta afirmação não pode estar mais longe da verdade!! Por incrível que pareça, a maior artista portuguesa de todos os tempos, quer a nível de vendas, de notoriedade, quer a nível de reconhecimento internacional, nunca foi objecto de uma reedição integral da sua obra gravada!

No início desta década, a EMI Valentim de Carvalho, ainda pela mão atenta de David Ferreira, iniciou timidamente, a reedição de alguns títulos da discografia de Amália (Busto, Amália e Vinicius) que foram objecto de edições cuidadas (remasterização, faixas extra, etc.). Ou seja, aquilo que deve ser feito nos tempos de pirataria que correm. Mas parece que estes passos iniciais, ficaram por isso mesmo. Estas edições rapidamente esgotaram no mercado, nunca mais foram repostas, assistindo-se actualmente a uma situação provavelmente inédita no panorama discográfico mundial, esses mesmos títulos estão novamente no mercado, desta vez pela mão da Som Livre/Iplay, mas em edições prévias às edições remasterizadas, ou seja, de pior qualidade!! Parece que o investimento feito na remasterização não precisa de ser rentabilizado…!

Mas voltemos à questão da obra integral de Amália Rodrigues. Onde está a edição em CD da versão completa do concerto do Japão gravado no Teatro Sankei em 1970? E o concerto de Roma gravado no Teatro Sistina em 1978? E o concerto do Coliseu de 1987? Onde estão os outros concertos provavelmente gravados pela Valentim de Carvalho? E os albuns de estúdio que nunca foram editados em cd? (Cantigas de Amigos, A Una Terra Que Amo, etc.)

E as edições possíveis em DVD? Existem inúmeros concertos gravados e filmados em Portugal e no estrangeiro. Aliás, no excelente documentário de Bruno de Almeida (Estranha Forma de Vida) foi possível ver parcialmente alguns desses concertos, ou seja, parte do trabalho de pesquisa até já foi realizado! Porque não editar o concerto do coliseu de 1987 (filmado pela RTP) numa edição especial CD+DVD? O mesmo se pode aplicar ao concerto de Itália de 1978. Alguém tem dúvidas que seriam um sucesso de vendas??

A qualquer loja de cd’s que se vá actualmente, a grande maioria dos cd’s de Amália são as velhas colectâneas da Valentim de Carvalho ou as reedições de má qualidade dos títulos que começaram a cair no domínio público. Percebo que a indústria discográfica atravessa uma grave crise decorrente da pirataria e da indefinição actual dos suportes técnicos, mas concerteza que com políticas deste género, em que não se rentabilizam os catálogos, não se editam os títulos acrescidos de mais valias (remasterização, faixas extra etc.) e não se promove uma distribuição massiva, só irão contribuir para o colapso acelerado das empresas discográficas nos moldes em que hoje as conhecemos.

Porque não aproveitam a crista da onda mediática criada com o filme Amália e homenageiam os 10 anos da sua morte com a edição da obra discográfica de Amália Rodrigues com o respeito e a qualidade que ela merece?

As minhas intenções neste blog!

Criei este blog para falar principalmente de MÚSICA. Mas também irei falar de outras coisas, acontecimentos, notícias, etc.. Mas o principal será sempre a Música. Falarei de cd's, concertos, discos, de cantores, de cantoras, de bandas, nacionais, estrangeiros etc.. E espero que comentem as minhas opiniões!